As ações da fabricante de produtos para emagrecimento Herbalife
continuam em queda hoje na Nyse, bolsa de Nova York, pelo terceiro
pregão consecutivo, depois que Bill Ackman, famoso investidor “ativista”
- que procura opinar nas empresas onde detém participação -,
classificou o negócio da companhia como um “esquema de pirâmide”.
Os papéis recuavam 6,1% por volta das 13h05 (horário de Brasília),
sendo cotados em US$ 25,61. Mas desde o dia 20, quando a Pershing Square
Capital Management, gestora de recursos do empresário, fez uma
apresentação de três horas para explicar por que escolheu ter uma
posição vendida nas ações, eles caem 40%.
Segundo Ackman, o preço-alvo para os papéis da Herbalife é zero e sua
opinião é que a empresa vai falir em breve. Ele acusa o grupo de ter
causado danos financeiros a milhões de pessoas nos EUA e ao redor do
mundo, em favor do enriquecimento de seu presidente, Michael Johnson.
A companhia, entretanto, nega as acusações desde que a apresentação
foi divulgada e diz que vai rebater cada ponto levantado pelo investidor
durante seu encontro com o mercado em 10 de janeiro. Para provar sua
confiança no negócio, a administração reafirmou um programa de recompra
de ações de US$ 50 milhões por trimestre.
Fundada em 1980, a Herbalife alcançou tanto um valor de empresa —
dívida líquida somada ao valor de mercado — como receitas comparáveis ao
de grandes grupos americanos de bens de consumo, entre eles a Energizer
Holdings e a Clorox Company — os dois com mais de cem anos.
Ackman mostra na apresentação que a companhia começou com um
faturamento de 23 mil e, em 31 anos, chegou a uma receita líquida de US$
5,4 bilhões — até 2020, a previsão é de US$ 10 bilhões. Sua margem
bruta, ou quanto das vendas não são consumidas pelos custos, também
impressiona: 80,2%. A maioria do setor não chega a mais de 50%.
De acordo com o fundador da Pershing Square, não é uma política
agressiva de preços nem a inovação em diferentes segmentos que garante
esse sucesso, já que todos os produtos da Herbalife são, em média, mais
caros do que a concorrência e a maioria de suas novidades são vendidas
também pelas rivais.
Ele afirma que a companhia ganha com o recrutamento de seus
“distribuidores” e não com a venda dos produtos, o que ele acredita ser
um esquema de pirâmide. Ele calcula que 2 milhões de pessoas já foram
“enganadas” e perderam US$ 2 mil, em média, cada uma. Desde 1980, o
total de perdas para os “distribuidores” chega a US$ 3,8 bilhões.
Para não ganhar em cima da tragédia alheia, Ackman garantiu que todos
os recursos levantados com a posição vendida que tem nas ações da
Herbalife — que já devem ter rendido algum dinheiro, visto que o mercado
comprou sua ideia — será doado a entidades filantrópicas.
(Renato Rostás | Valor)
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